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Sobre

Adorado pelos amigos, que eram muitos, mas suas palavras polêmicas e honestas desagradavam a alguns. Não suportava injustiças e acabava se prejudicando ao combatê-las.

Wander Piroli nasceu em 1931, em Belo Horizonte, onde sempre viveu, até 2006.

Casado, quatro filhos, seis netos.

Seus pais: Aurélio Piroli e Elvira Bruzzaferro. Uma única irmã, Edda.

Sua mãe morreu quando tinha um ano. Foi criado, então, pela avó italiana Giovanna e pelo pai operário, na Lagoinha, reduto de famílias italianas, mas também de marginais, bêbados, vagabundos e criminosos. Essas condições influíram no tipo de literatura que fez. 

Seus prazeres: pescaria, pinga, torresmo, sinuca, baralho e sua chácara. Fazia tudo com música caipira e tango, principalmente, além de clássica, MPB, chorinho, tocadas numa pequena radiola.

Advogado, jornalista e escritor.

Sempre dizia que não gostava de trabalhar, mas foi árduo trabalhador. Acumulava três empregos ao mesmo tempo e ainda conseguia escrever.

Dedicado à família e à sua mulher, Aparecida, nos finais de semana, amoroso, presente e rígido. Rendia-se à boemia em dias de semana, nos bares do centro, perto do Jornal Estado de Minas.

Jovem

Achava que ia ser jogador de futebol, na Lagoinha. De família italiana, comandada pela avó de personalidade forte. Seu pai, viúvo cedo, nunca voltou a casar-se. Vivia pelos filhos. Com poucos recursos fez questão de formar o filho. E conseguiu.

Advogado

Formou-se em direito pela Universidade Federal de Minas Gerais. Contava que em uma prova oral, sem ter estudado, dissertou sobre Guimarães Rosa para um renomado professor, que lhe deu 10, apesar de não ser o tema da prova. Assim, tornou-se advogado, mas exerceu a profissão por pouco tempo.

Jornalista

Jornalista, sempre.  Uma matéria encomendada para o Jornal Binômio, pela morte de Hemingway, o jogou no jornalismo. Virou editor desse jornal que denunciava a ditadura militar e acabou quebrado pela repressão. Teve de se esconder por muito tempo, sem emprego, perseguido.

O jornal já estava na veia. Quase mudou-se para o Rio de Janeiro, para trabalhar no Última Hora. Desistiu por causa da família. Achou difícil criar filhos no Rio.

Trabalhou no Estado de Minas, anos como editor de polícia. Depois foi destacado para criar o Jornal de Shopping, um projeto do Estado de Minas voltado para entretenimento, cultura e compras. Transformou a linha do jornal, veiculando matérias políticas e grandes reportagens. Isso desagradou à direção conservadora que optou por acabar com o jornal.

Foi editor-chefe do Suplemento Literário do “Minas Gerais”, em 1975, quando não se curvou às pressões oficias para mudar a linha das publicações e demitiu-se do cargo. Recusou-se conforme disse, a ser ”coveiro da cultura“. Teve então a solidariedade de intelectuais de todo o país.

Contratado pelo Diário de Minas para reformular o jornal, fez uma proposta revolucionária: abandonar o jornal e criar um outro de linha popular, o jornal Hoje em Dia, cujo nome foi criado e cedido por ele. Fez todo o projeto do jornal, usando cores com o maquinário que já existia, mas não era utilizado porque não era usual na época.

Escritor

Jovem, já escrevia. Estreia na literatura com o conto "O troco", vencedor de um concurso na prefeitura de Belo Horizonte. Passou a participar de diversos concursos, vencendo vários deles, mais interessado no prêmio em dinheiro para completar seu orçamento. 

Seu primeiro livro foi publicado em 1966, A mãe e o filho da mãe.

Em 1972, foi um dos vencedores do Concurso Nacional de contos do Paraná, com os trabalhos “Crítica da Razão Pura”, “De um Relatório Policial” e “Os Camaradas” - este, a recriação do pesadelo ditatorial em que vivia o Brasil da época. Três contos que, como assinalou o crítico Fábio Lucas, poderiam estar entre os melhores da literatura brasileira contemporânea.

Quando lhe perguntaram como é que se escreve um conto, respondeu: “Eu uso geralmente esferográfica e papel. Às vezes dá certo. Quase sempre dá errado. Paciência, o sujeito parte pra outra.” Escrevia mesmo com caneta em guardanapos de bares, papel de cigarro, etc. Mas não largava a máquina de escrever. Computador, não se acostumou.

O editor André Carvalho enxergou uma história infantil em um conto inédito. Assim nasceu seu primeiro livro para crianças e jovens, O menino e o pinto do menino, em 1975. Os livros infantis da época eram de carochinha, com linguagem infantil e finais felizes. Seu livro é realista, com linguagem direta e final triste, humano. Deu o que falar na imprensa, encantados e horrorizados por sua linguagem realista e temas ausentes na literatura infantil da época. Rendeu o Prêmio Jabuti.

Depois veio com “Os rios morrem de sede”, que fala da morte de um rio e termina com um palavrão. Outro falatório na imprensa.

Esses dois livros têm sido lidos pelas crianças e jovens de todo o País nas últimas décadas.

Mais de uma dezena de trabalhos do autor têm saído em antologias nacionais. “A mãe e o Filho da Mãe” tem contos considerados obras-primas. Um deles está na antologia “Os 100 melhores contos de crime e mistério da literatura universal” e outro na antologia best seller “Os 100 melhores contos brasileiros do século”.                                  

Diversos contos foram traduzidos em livros editados nos Estados Unidos, Alemanha, Itália, Bolonha, México, Bulgária, etc.

Book no.1
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